A semióloga Lícia Soares de Souza foi condecorada com a medalha da Ordre des francofones des Amériques (Ordem dos Francófonos das Américas) ano 2024concedida pelo Ministério da Língua Francesa de Québec.
Em 2025, Licia também foi o tema central de Signos em Transe, uma fortuna crítica sobre a semiótica de Licia Soares de Souza, curadoria, organização e apresentação de Taurino Araújo. A obra é considerada pelos especialistas o maior levantamento etnográfico e semiológico realizado na Bahia nos últimos 50 anos.
A Ordem dos Francófonos das Américasé uma distinção que reconhece os méritos daqueles que se dedicaram à expansão da língua francesa nas Américas.Anualmente, são nomeados sete recipiendários, sendo dois pelo Québec e cinco distribuídos entre as seguintes regiões:Ontário;Oeste canadense (Manitoba, Saskatchewan, Alberta, Colúmbia Britânica, Nunavut, Territórios do Noroeste e Yukon);Acádia e províncias atlânticas;Américas; e demais continentes. Lícia foi escolhida por sua atuação nas Américas.
Professora Emérita da Universidade do Estado da Bahia (UNEB),professora associada da UQAM e da Universidade Federal da Bahia (UFBA), no Brasil, bem como vice-presidente da Associação Internacional de Estudos Quebequenses (ABECAN) para a América Latina, Lícia Soares de Souza desenvolveu ao longo dos anos diversos campos de pesquisa em literatura quebequense e organizou com seu pares grandes congressos internacionais na UFBA e na UNEB, que contribuíram decisivamente para a nacionalização e internacionalização da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
Grande defensora do francês, divulgou o Stage de perfectionnement pour les professeurs de français langue étrangère da Université Laval e incentivou professores de francês do Brasil a nele se inscreverem, chegando mesmo a estimular a continuação dos estudos em nível superior.
Lícia Soares de Souza ofereceu mais de cinco edições de cursos em estudos quebequenses na UNEB e na UFBA, contribuindo assim para o prestígio do francês e da cultura quebequense nos territórios brasileiros, no coração da América lusófona. No campo do ensino, merece destaque seu empenho na criação do projeto Français pour le tourisme à Salvador. Inicialmente voltado às(os) estudantes da UNEB, esse programa foi rapidamente adotado pelas Secretarias de Turismo de diversas cidades como método oficial de aprendizagem do francês.
Além disso, a homenageada elaborou uma metodologia de “francês instrumental” destinada a candidatas(eos) a programas de pós-graduação nas universidades da Bahia. Em 2016, também idealizou o projeto Ateliers de langue française, em parceria com a Associação de Professores de Francês e a Alliance Française (Brasil). Seus textos fazem parte de currículos de pós-graduação no Brasil e são utilizados em programas da UQAM. Em 2020, foi laureada com o Prêmio de Poesia da Associação de Professores da Bahia, sob o tema “Le français dans ma vie”.
A consagração de 30 anos de carreira universitária dedicados ao estudo da cultura quebequense e à sua difusão no Brasil testemunha o compromisso da professora Lícia Soares de Souza com a projeção dessa cultura e do francês na América Latina e além. Seu ativismo em prol da língua francesa é ainda mais relevante em um contexto de crescente anglicização na região e de declínio gradual do interesse pelo aprendizado do francês.
Sua trajetória é retratada em perspectiva etnográfica e biográfica no projeto editorial de Signos em Transe capitaneado por Taurino Araújo e que contou com o apoio institucional do CNPq e da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), propõe uma leitura transdisciplinar da obra de Lícia Soares de Souza, doutora em Semiótica pela Université du Québec à Montréal, onde atualmente atua como professora associada. É professora fundadora da UNEB (onde é professora emérita) e colaboradora no Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade da Ufba.
Tem vasta produção acadêmica e literária em temas como semiótica da cultura, narrativas televisivas, fílmicas e literárias. Dentre suas obras destacam-se Introdução àsTeorias Semióticas (Vozes), Représentation et Idéologie (Balzac, Montreal) e Figures spatiales de Montréal (2019). Publicou em antologias poéticas em português, francês e alemão, além de romances. Em 2025, venceu o Prêmio Clarice Lispector com o romance distópico Quando as traças criaram asas.
Mais do que uma homenagem pessoal, Signos em Transe é descrito por especialistas como o maior levantamento etnográfico e semiológico realizado na Bahia nas últimas cinco décadas. A coletânea articula elementos biográficos e etnográficos, destacando não apenas a trajetória da homenageada, mas também os impactos institucionais, culturais e epistemológicos de sua atuação acadêmica em universidades como Uneb, Ufba, Uefs, Uesb, e instituições internacionais como Université du Québec à Montréal (UQAM), Université Laval, Universidade de Kassel e Universidade de Saarlandes.
Participações de nomes relevantes no campo das ciências humanas
Entre os autores que contribuem com textos críticos estão pesquisadores consagrados como Winfried Nöth, Eurídice Figueiredo, Berthold Zilly, Cyro de Mattos, Taurino Araújo, Zilá Bernd,Rita Olivieri-Godet,Luiz Eudes, Bernard Andrès, Claire Varin, Ricardo Justo, Jean-François Côté, Emiliano José, Louise Duprè, Calmon Teixeira e Suênio Lucena.
Os ensaios de Signos em Transe abordam desde fundamentos da semiótica até aplicações contemporâneas estabelecendo conexões entre a semiótica e áreas como literatura, linguística, comunicação, ensino de línguas, francofonia, crítica cultural, arte e história em um campo dominado por desafios e complexidades, “desde 1- Semiótica/Semiologia até 6 - Comunicação Social, aqui, o leitor encontrará também relevantes enfoques sobre 2- ensino de francês e estudos canadenses; 3-poesia canadense francófona; 4- literatura e cinema brasileiros e a sua 5- Geopoética e literatura do ciclo canudiano em torno do nuclear fundante de Euclides da Cunha”.